Em defesa da UEMG, diretora e professor fazem apelo na Câmara de João Monlevade

Durante a reunião ordinária da Câmara Municipal de João Monlevade, desta quarta-feira, 11, a diretora da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), Júnia Alexandrino, fez um apelo pela permanência da unidade universitária no município. A manifestação ocorre em meio à tramitação do Projeto de Lei 3.738/2024, de autoria do Governo de Minas, que trata da federalização da UEMG.

Segundo Júnia, o projeto, da forma como está, não deve ser aceito, pois representa riscos à autonomia, ao funcionamento e à valorização da universidade. “O que a gente precisa dessa casa é que seja feito um documento assinado pelos vereadores, assim como aconteceu em outras cidades, para que chegue à Assembleia Legislativa e tire a nossa unidade do projeto de lei 3738”, afirmou a diretora.

Júnia destacou a relevância da unidade local da UEMG, que hoje oferece cinco cursos de engenharia (Ambiental, Civil, de Minas, Mecânica e Metalúrgica), contando com 680 alunos, 80 professores, 19 técnicos administrativos e 14 colaboradores terceirizados. “A UEMG tem um valor econômico muito importante. Temos 35 projetos de pesquisa, 39 de extensão e bolsas de estágio. Isso movimenta a economia e muda vidas”, apontou.

Ela enfatizou que a luta não é contra o programa de federalização em si, mas pela valorização da educação pública: “O projeto representa apenas 0,31% da dívida do Estado. Se o governo vende uma universidade pública, tira a oportunidade de uma cidade inteira de se desenvolver.”

A diretora ainda lembrou o papel social da instituição, que já formou mais de 1.750 profissionais, e reforçou o pedido de apoio institucional da Câmara: “Que seja gerado um documento, uma audiência pública, algo que reforce essa luta. Essa causa não é partidária, é pela educação pública.”

Representando o corpo docente, o professor Robson Pereira de Lima, da ADUEMG (Associação dos Docentes da UEMG), também se pronunciou. Ele agradeceu à Câmara pelo acolhimento e alertou para a gravidade da situação. “O Projeto de Lei 373 autoriza o governo a vender ou transferir para a União bens do Estado, inclusive da UEMG, para pagar dívidas. Já o 3738 propõe a extensão da universidade. Não há garantias para professores, técnicos e estudantes. A Constituição de 1988 não prevê esse tipo de federalização”, explicou.

Robson destacou ainda o papel de líderes políticos locais, como Mauri Torres e o deputado estadual Tito Torres, no fortalecimento da UEMG. “É notória a importância da UEMG. Ela garante ensino gratuito e de qualidade a todos os segmentos da sociedade. Esse mesmo movimento está ocorrendo em todas as cidades onde há unidades da universidade. Pedimos o apoio dessa casa para impedir o avanço desses projetos”, concluiu.

O presidente da Câmara Municipal, Fernando Linhares, garantiu o apoio unânime dos vereadores à defesa da universidade e anunciou a formalização de um documento oficial e uma moção de apoio, proposta pelo vereador Belmar Diniz e que foi aprovada na reunião. “Temos que respeitar o governador, mas não somos obrigados a concordar com atitudes equivocadas. A UEMG foi uma conquista histórica trazida por Mauri Torres, e precisamos lutar para manter esse direito adquirido”, declarou Fernando.

Ele ainda repudiou ações do governo que prejudicam a cidade e a universidade: “Repudiamos veementemente qualquer ação do Estado que traga prejuízos a João Monlevade. A UEMG pode contar com o apoio contínuo e irrestrito desta Câmara Municipal.”

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