Nessa quarta-feira, 12, a Câmara Municipal de João Monlevade realizou uma solenidade para celebrar o Dia Internacional da Mulher, com a entrega do Diploma “Mulher Construtora da Democracia”. O evento, realizado no plenário da Casa, tem como objetivo reconhecer e homenagear mulheres que se destacam no município por suas contribuições em diversas áreas e pelo impacto positivo gerado por suas ações.
Este diploma é conferido anualmente às mulheres que, por sua coragem, dedicação e responsabilidade, têm se empenhado em causas sociais, culturais, educacionais e de saúde, visando ao bem-estar coletivo e à promoção da democracia e igualdade. As homenageadas deste ano foram: a ativista e voluntária, Doralice Sotero da Costa; a líder do clube de mães, Luzinete Maria do Carmo Cassiano; e a presidente da Associação de Pais e Amigos dos Autistas e Síndrome (AASPAS) Simone de Oliveira Barcelos.
Elas foram escolhidas por uma comissão especial composta pelo segundo secretário da Casa, vereador Belmar Diniz, pelo representante da imprensa, o jornalista Erivelton Braz; e pela representante do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher Monlevadense, Cíntia Cristina Papa de Souza.
Discursos
Durante a solenidade, as homenageadas proferiram seus discursos ressaltando as lutas, superações e compromisso com a transformação social.
Doralice destacou a importância da resistência e do voluntariado em sua trajetória, dedicando o reconhecimento a todos que caminham ao seu lado, especialmente aos jovens e adolescentes. “Decidi servir e lutar. Não sei desistir. Acredito que sempre há uma luz no fim do túnel”, afirmou.
Luzinete destacou sua redescoberta aos 65 anos, quando percebeu que ainda poderia contribuir com sua comunidade. Ela agradeceu o apoio de sua família e das mulheres do Clube de Mães Santa Rita, reafirmando seu compromisso com a valorização do trabalho feminino e a busca por geração de renda. “Só agora entendo que esse era o meu momento. Sigo com gratidão e vontade de fazer mais.”
Já Simone Barcelos fez uma reflexão sobre o papel histórico das mulheres na resistência, citando figuras bíblicas e grandes referências femininas como Dandara dos Palmares, Maria da Penha e Marielle Franco. Ela destacou a necessidade de garantir direitos para mães atípicas e suas famílias, cobrando políticas públicas que assegurem saúde e educação para crianças com deficiência. “Que a justiça não seja um privilégio, mas um direito de todas nós.”
Os membros da Comissão também fizeram uso da palavra para enaltecer as homenageadas. Eles falaram ainda da alegria em terem sido escolhidos para participar da Comissão e poder indicar as mulheres que são exemplo para a sociedade.
O vereador Belmar Diniz (PT), membro da Comissão, falou do impacto positivo das homenageadas em suas comunidades devido as histórias inspiradoras e o comprometimento com o bem-estar de outras pessoas.
A vice-prefeita, Dorinha Machado, parabenizou as homenageadas e enfatizou o trabalho desenvolvido por elas. “Este título não é apenas um reconhecimento, mas um lembrete de que a democracia se faz com a participação de todos, especialmente de nós mulheres. Que essa homenagem sirva de inspiração para que mais mulheres ocupem seus espaços e levantem suas vozes e continuem construindo um legado de transformação”.
O presidente da Casa, Fernando Linhares (Podemos), também discursou para endossar a importância da homenagem. “Essas mulheres que, com sua trajetória de vida e seu compromisso com o bem coletivo, têm sido verdadeiras
construtoras da nossa sociedade. Elas, com seus exemplos de coragem, resiliência e solidariedade, transformam realidades e inspiram todos nós.
Sobre as homenageadas:
– Doralice Sotero da Costa nasceu em 22 de abril de 1948, em Itabira do Mato Dentro. Desde jovem, enfrentou desafios, como a perda de seu pai aos três anos. Mudou-se para João Monlevade em 1967, onde construiu sua casa e iniciou sua trajetória profissional, trabalhando no campo e em hospitais, incluindo o SESI, onde se aposentou em 1996.
Desde a infância, Doralice se envolveu com o trabalho voluntário, atuando na Pastoral da Saúde e como leiga consagrada da Ordem de São Camilo de Lellis. Também colaborou com a Cruz Vermelha e o Lar São José. Sua atuação social e política incluiu a defesa de direitos da população local, como o passe livre preferencial.
Doralice foi fundadora do grupo “Amor Exigente” e ajudou na criação da Colônia Bom Samaritano. Participou de movimentos de mulheres e da Guarda de Marujo de Carneirinhos. Além disso, é ativa em conferências e seminários. Seu lema é “Mais coração nas mãos”, refletindo seu compromisso com o bem e a solidariedade.
– Luzinete Maria do Carmo Cassiano ou Dona Nete como é conhecida, é casada e mãe de duas filhas. Formada em Análises Clínicas, teve a oportunidade de estagiar no Hospital Sebastião D’Assunção, mas optou por seguir outra carreira. Retornou a João Monlevade e trabalhou como cabeleireira por 26 anos. Desde os 13 anos, é apaixonada por crochê, arte que aprendeu com sua mãe, Adelina, e que passou a incorporar em seu trabalho, criando peças que encantam as pessoas.
Atualmente, Luzinete é dirigente do Clube de Mães, um grupo de mulheres que promove troca de conhecimentos e empatia. Nesse ambiente, percebeu que muitas mulheres guardavam seus talentos e não os compartilhavam, o que a motivou a incentivar a emancipação financeira delas por meio do artesanato. Ela também faz parte da rede Conexão Metamorfose, voltada para o empoderamento feminino.
Aos 65 anos, Luzinete se sente realizada por poder ajudar outras mulheres, respeitando seus limites e habilidades, e busca novas oportunidades para o desenvolvimento do grupo. Seu objetivo é continuar crescendo e contribuindo para o empoderamento feminino.
– Simone de Oliveira Barcelos nasceu em João Monlevade e tem 47 anos. Casada há 22 anos com Geraldo Luciano, é mãe de três filhos: Bárbara, João Pedro e Lorenzo. Formada em Letras e Pedagogia, com pós-graduação em Espanhol, Psicopedagogia e Neuropsicopedagogia, atuou como professora até 2012, lecionando na rede estadual e municipal.
Em 2016, ao receber o diagnóstico de autismo de seu filho Lorenzo, Simone enfrentou a falta de clínicas e entidades especializadas em João Monlevade. Ela encontrou dificuldades para matricular o filho em escolas, que não estavam preparadas para atendê-lo adequadamente. Como não havia monitor na creche pública para atender às suas necessidades, Simone decidiu atuar voluntariamente.
Em 2017, junto com outras mães, fundou uma associação para garantir os direitos das crianças com autismo, defendendo a aplicação da Lei Berenice Piana, que assegura o direito a um professor de apoio. Desde então, Simone tem se dedicado à inclusão e ao fortalecimento das políticas públicas para crianças com transtorno do espectro autista.